Crise nos mercados também cai na prova


No último mês, as bolsas caíram no mundo todo. No verão podem cair também no vestibular: a crise financeira que está arrastando bolsas de valores pelo planeta, incluindo a brasileira, pode ser relacionada em provas de História ou Geografia a questões importantes como a Grande Depressão e a globalização.

Uma comparação óbvia, feita a todo momento por economistas nas notícias sobre a crise atual, é com a quebra da bolsa de Nova York em 1929. Foi quando a valorização irreal das ações das empresas americanas acabou provocando a fuga dos investidores - todos tentaram vender seus papéis ao mesmo tempo, e em minutos eles já não valiam nada. Poupanças de milhões de pessoas sumiram de uma hora para outra, praticamente parando a economia dos Estados Unidos. Economia americana parada, mundo estagnado: era a Grande Depressão, que afetou quase todos os países. No Brasil, uma conseqüência direta da crise foi a Revolução de 30 e a ascensão de Getúlio Vargas sobre os enfraquecidos barões da república do café com leite, segundo o professor de História do Elite Vestibulares Rafael Menezes.

Na Alemanha, Hitler aproveitou-se da situação de extrema pobreza e inflação galopante, provocadas pela derrota na I Guerra Mundial e agravadas pela Grande Depressão, para ascender ao poder. E, nos Estados Unidos, o New Deal, plano de recuperação do presidente Franklin Roosevelt, colocou o Estado a gerar empregos com obras públicas: escolas, hospitais, redes de esgoto, construção de casas avalizadas pelo governo, 400 mil quilômetros de estradas procuraram gerar empregos para movimentar a economia - e fundaram as bases de infra-estrutura que permitiram aos EUA a estrondosa produção de armas e suprimentos decisiva na II Guerra Mundial.

Menezes lembra que, sempre em momentos de crise, os rumos econômicos são questionados. "Em 1929, a falta de regulação levou ao colapso. Foram, então, fundadas as bases do welfare state (estado de bem-estar social). Podemos nos questionar se não acontece o mesmo hoje - qual o papel do governo Bush nessa crise", diz.

O professor lembra ainda que a crise financeira está mostrando que o discurso das entidades econômicas mundiais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), sempre foi de que não houvesse intervenção do Estado na economia. "Agora vemos como contraponto a atitude quase desesperada do governo americano em evitar um rombo maior com ajudas econômicas. O mesmo em todos os principais países europeus. Nem sempre os discursos são condizentes com a prática."


Conteúdo extraido do Terra

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